segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Repouso do Guerreiro - que guerreiro?


É um romance, de caráter bem psicológico. Escrito por Christiane Rochefort, escritora que tinha como principal tema o feminismo, o livro narra de forma tensa as consequências na vida de Geneviève após a sua entrega total a um homem, Renaud, que salvou de um suicídio. Eu particularmente achei a narrativa bem monótona, sem nenhum momento marcante em si, mas o livro todo cheio de crises existenciais e dúvidas. Geneviève se apaixona loucamente por Renaud, alcoólatra inveterado, que acaba por submetê-la à hábitos nada convencionais e quebrando todos os laços que a prendiam à sociedade. Ela abdica de todos seus costumes e sua fortuna recém herdada é gasta toda em bebidas. Também é muito explorado o erotismo, onde se vê mais uma vez a submissão de Geneviève.
A obra mostra claramente como uma relação pode ser destrutiva, explorando lados obscuros do relacionamento. A narrativa é bem realista, mostra a decadência do casal, que nunca buscou de fato algo a mais. Renaud passa os dias na cama, bebendo e lendo policiais, acomodado. Geneviève se limita a servir seu homem e divagar sobre seu amor, até a loucura e internação psiquiátrica, e suas poucas e discretas tentativas de elevá-lo a uma condição mais "viva" são rebatidas com discussão e até mesmo agressão física.É um livrinho pequeno, de 248 páginas, e como já disse, sem muita emoção, uma linguagem coloquial com muitas analogias e simbolismos. De fato algumas analogias bem boas, e sátiras também. Começa a ficar mais interessante lá pelas últimas 70 páginas, um pouco mais tenso e com um final até que inesperado, e bom. É uma tentativa de Rochefort (com sucesso) de delatar a decomposição física e moral de uma mulher apaixonada que leva as coisas no "tudo ou nada". O título provavelmente é uma refência ao estado deseperado de Renaud, que busca em Geneviève seu consolo e repouso, após muito relutar em aceitar o fato de ser dependente dela, situação recíproca por parte da amante. É o principal romance da escritora, que também possui publicados os livros Os Filhos do Século, 1961, Estâncias para Sofia, 1963, e Uma Rosa para Morrison, de 1966, todos com caráter social, com críticas à burguesia e aos costumes contemporâneos da época.


O livro também virou filme, em 1962, com Brigitte Bardot, símbolo sexual a ativista dos direitos animais:


3 comentários:

  1. O romance de fato é muito monótono e isso dificulta a leitura, contudo, a curiosidade em saber como irá terminar esse relacionamento doentio, o obriga a ler o livro todo. Parabéns pela resenha, excelente texto!

    " Amar as mulheres inteligentes é um prazer de pederasta - Baudelaire"

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