sexta-feira, 4 de novembro de 2011

De Carandirú à biblioteca de São Paulo, e o que isso tem a ver com escolas e conosco

Novamente andei lendo o Murro das Lamentações...e identifiquei-me em especial por este texto, já meio antigo, de 2010, mas ok. O que importa é que deixa claro que nesse sistema os presos não são apenas aqueles que já cometeram crimes contra a sociedade - mas também as crianças, que nas prisões escolares são forçadas a aprender mal e mal coisas que não lhes interessam, e vamos lá, interessam mais ao governo que providencia com muita hipocrisia e agilidade que se "produzam" seres impensantes e incapazes de oposição, claro. Também são as vítimas sociais os animais, que por terem nascido cometeram crime tamanho, que passarão as vidas em prisão perpétua - ou até que a morte os separem das grades. E nesse sistema escrupuloso e odioso vamos vivendo - vamos sendo injustiçados e vamos injustiçando, vamos sendo oprimidos e preconceituosos, num ciclo que mescla desigualdade social e juras de mudanças por partidos que dizem que querem lutar, mas no final das contas, só não assumem que a presidência lhes cairia muito bem.

Vanessa Dalla




Recentemente foi inaugurada a chamada Biblioteca de São Paulo, construída sobre os escombros do antigo Presídio do Carandiru. Em minha opinião, foi uma imensa burrice histórica terem dinamitado e derrubado aqueles monstruosos pavilhões. Poderiam ter sido conservados como os de auschwitz ou como os de dachau. No pátio central – inclusive - poderiam ter edificado em cera as réplicas dos 110 presos que foram fuzilados lá dentro, bem como as dos carcereiros, as dos policiais que promoveram a matança e as dos governadores do Estado. Mas, essa gente insiste em dizer que a sociedade só será "outra" quando estiver infestada de bibliotecas e quando todas as crianças estiverem nas escolas. Balelas! A escola, do jeito que está, é uma réplica das prisões e a sociedade só será outra quando não houverem mais prisões. 




Calvin foi tema de debate da Feiro do Livro de POA

Calvin e Haroldo – o tigre de pelúcia do personagem da série de tiras criada, escrita e ilustrada pelo autor norte-americano Bill Watterson, publicada em mais de 2.000 jornais do mundo inteiro, foram tema de debate realizado nesta quinta-feira (3/11), na sala Leste do Santander Cultural.

A mesa redonda O que é a realidade? Aprendendo com Calvin... contou com a participação da patrona Jane Tutikian, além do cartunista Santiago e das psicanalistas Cátia Olivier Mello e Liliana Soibelman. Eles apresentaram suas idéias, percepções e aprendizados com o personagem.

“Ele não é o mesmo sempre. Ele reflete, ele sofre, ele é a própria aflição humana, principalmente quando ele humaniza o Haroldo. Calvin é pragmático, pois é um personagem que representa um grupo, em termos de comportamento”, considerou a Patrona.

O cartunista Santiago destacou a espontaneidade do garoto. “O Calvin fabrica, na sua imaginação fértil, um personagem (Haroldo), um companheiro”, que para ele é tão vivo como um amigo verdadeiro, mas para os outros não é mais que um tigre de pelúcia.


Link

O Fantasma de Canterville e Outros Contos - de Oscar Wilde

O Fantasma de Canterville e Outros Contos

Como já faz mais de ano que li este livro, vou poder dar poucos detalhes, apenas as impressões que ficaram. Em oito contos, Oscar Wilde passa da doçura à amargura facilmente. Da riqueza à miséria, e atravessa tormentas e alegrias. Os contos são cheios de alegorias, que trazem em simplicidade “lições de moral” de quem muito bem podia falar delas. Trata-se do amor em sua essência limpa, e também há grandes críticas sociais e políticas um pouco disfarçadas por belas histórias. Todos os contos mantém um padrão de narrativa, suave, e que na minha opinião contém todos os elementos necessários ao contos que valem a pena. É só Wilde nos contagiando com seu exemplar ecletismo e perfeccionismo literário (assim eu acho!).

Contos inclusos:
  • O Fantasma de Canterville
  • O Príncipe Feliz
  • O Crime de Lord Arthur Savile
  • O Rouxinol e a Rosa
  • O Modelo Milionário
  • O Pescador e sua Alma
  • O Foguete Notável
  • O Filho da Estrela


·         Ediouro – Coleção Universidade de Bolso. Edição bem antiga, comprada por 3 bagatelas num sebo!! :D

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Seus olhos eram como duas fontes radiantes de algo que não era luz ou calor, mas que curiosamente situava-se entre as duas coisas.


Carlos Castañeda (em algum livro!)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

El viaje definitivo

“...e eu partirei. Mas os pássaros ficarão, cantando:
e meu jardim ficará, com sua árvore verdejante,
com seu poço d'água.
Em muitas tardes os céus serão azuis e plácidos,
e os sinos das torres repicarão,
como repicam esta tarde.
Aqueles que me amaram passarão,
e a cidade explodirá de novo cada ano.
Mas meu espírito sempre vagará nostálgico
no mesmo recanto escondido de meu jardim florido.”


Juan Ramón Jimenez
“El viaje definitivo” (“A viagem definitiva”)
Retirado de Carlos Castaneda - Viajem à Ixtlán

Vegetarianismo e a alma

A questão do vegetarianismo hoje toma formas principalmente éticas e ambientais. Mas há um outro lado, o espiritual, que com certeza é em muito beneficiado por tal forma de alimentação. Esses pequenos trecho do livro de Ramatís deixam essa ideia um pouco mais clara, abrindo horizontes:

"O vosso sistema de nutrição é um desvio psíquico, uma perversão do gosto e do olfato; aproximai-vos consideravelmente do bruto, nessa atitude de sugar tutanos de ossos e de ingerirdes vísceras na feição de saborosas iguarias. Estamos certos de que o Comando Sideral está empregando todos os seus esforços a fim de que o terrícola se afaste, pouco a pouco, da repugnante preferência zoofágica."

"Pensamos que o senso estético da Divindade há de sempre preferir a cabana pobre, que abriga o animal amigo, ao matadouro rico que mata sob avançado cientificismo da indústria fúnebre. As regiões celestiais [...] também serão alcançadas, um dia, mesmo por aqueles que constroem os tétricos frigoríficos e os matadouros de equipo avançado, mas que não se livrarão de retornar à Terra, para cumprir em si mesmos o resgate das torpezas e das perturbações infligidas ao ciclo evolutivo dos animais."









O livro tem um capítulo inteiro dedicado ao assunto, e também traz:


  • A Alimentação Carnívora e o Vegetarianismo
  • O Vício de Fumar e suas Consequências Futuras
  • O Vício do Álcool e suas Consequências
  • A Saúde e a Enfermidade
  • A Evolução da Homeopatia
  • A Terapêutica Homeopática
  • O Tipo do Enfermo e o Efeito Medicamentoso
  • A Homeopatia e a Alopatia
  • As Dinamizações Homeopáticas
  • A Homeopatia, a Fé e a Sugestão
  • A Homeopatia - Precauções e Regime Dietético
  • A Medicina e o Espiritismo
  • Considerações Gerais sobre o Carma
  • Os Casos Teratológicos de Idiotismo e Imbecilidade
  • A Ação dos Guias Espirituais e o Carma
  • O Sectarismo Religioso e o Carma
  • A Importância da Dor na Evolução Espiritual
  • As Moléstias do Corpo e a Medicina
  • A Influência do Psiquismo nas Moléstias Digestivas
  • Considerações sobre a Origem do Câncer
  • Motivos da Recidiva do Câncer
  • Considerações sobre a Cirurgia e Radioterapia no Câncer
  • A Terapêutica dos Passes e a Cooperação do Enfermo
  • Motivos do Recrudescimento do Câncer e sua Cura
Ref.: http://www.kunlaboro.pro.br/livros/fisiologia-da-alma/

Preocupação ambiental em 1932

Olha que legal. A gente pensa que toda essa questão ambiental é muito moderninha. Mas em 1932, Tolkien comprou seu primeiro carro. Porém, em seguida, desistiu de ser dono de um carro por questão de princípios, por causa do efeito ambiental do grande número de proprietários e da maciça produção dos carros!

- O Dom da Amizade, Colin Duriez.

A perspectiva literária

É necessário recordar que, muito embora em um sentido o Outro Mundo era um lugar definido, ainda assim em outro sentido o reino dos deuses estava dentro de nós, a Terra e o reino das fadas coexistindo na mesma área do chão. Era tudo uma questão do olho que vê [...] O habitante deste mundo pode ficar consciente de uma existência num plano totalmente diferente. Ir da Terra ao Reino Encanto é como passar deste tempo à eternidade; não é uma jornada no espaço, mas uma mudança de perspectiva mental.

Dorothy L. Sayers – 1916.
Essa era uma colocação de perspectiva do mundo compartilhada entre os Inklings (grupo de intelectuais promovido por C. S. Lewis, com Tolkien e outros, na década de 30), que estabeleceu o padrão para escritos futuros dos professores.
Também levanta a questão de que a fantasia não é um mero escape da realidade, como consideram alguns críticos, mas um lugar-comum com possível de ser presenciado.
Campos em branco

Não preenchem

              O Vazio.





Vanessa Dalla

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Lovecraft e seus Sussurros nas Trevas

Um Sussurro nas Trevas - H.P. Lovecraft - Ed. Hedra


Mais uma vez temos os sentimentos explorados por H. P. Lovecraft. Em Um Sussurro nas Trevas, Albert Wilmarth, folclorista amador e professor de literatura na Universidade do Miskatonic, desenvolve a idéia da possível presença de seres alienígenas nas colinas de Vermont. Suas evidências são então confirmadas por um morador local, Henry Akeley, e os dois começam a se corresponder seguidamente. Nas cartas, cada vez mais perturbadoras, Akeley discorre das características de tais seres, fala das evidências, de rastros inumanos pelas terras e objetos estranhos encontrados sem precedentes. Cada vez ele parece mais apavorado, e presenciamos toda angústia e terror nas suas cartas misteriosas. Até que Wilmarth, fascinado, foi ao seu encontro e encontrou tudo o que esperava (ou não), em revelações perturbadoras que nos mantém atentos e desconfiados, até a descoberta de cilindros metálicos que contém um cérebro que mantém as capacidades olfativa, auditiva e da fala, sendo este o método alienígena de levar humanos a viagens através do espaço. O final é um tanto desesperador, e como se esperaria, surpreendente. A narrativa é rica em detalhes geográficos, embora às vezes um pouco lenta nas descrições, mas transborda de tensão, que se desenvolve passo a passo rumo ao ápice do terror. O uso da ficção científica dá um tom a mais ao sobrenatural, e as referências às lendas Cthulhianas e livros sobre a origem do Universo tornam o todo o tema mais dramático, juntamente com as especulações das origens do Universo. Não dá pra negar que às vezes precisamos fazer pausas para recuperar o ar, porque somos envolvidos pela atmosfera sobrenatural e realismo de algumas passagens tensas, como se o escritor tivesse mergulhado num mar profundo de horrores e levasse junto, sem dar chances, o leitor.


Vanessa Dalla
25/10/2011

Trecho:

Nunca um homem são esteve tão perto dos mistérios arcanos da entidade primordial – nunca um cérebro orgânico esteve tão próximo da aniquilação total perante que transcende as formas e as forças e as simetrias. Aprendi sobre as origens de Cthulhu e sobre o motivo que levou metade das grandes estrelas temporárias a se acender [...]e tive um sobressalto de repulsa quando ouvi detalhes a respeito do monstruoso caos nuclear além do espaço anguloso que o Necronomicon piedosamente oculta sob o nome de Azathoth. [...] Defrontei-me com evidências inelutáveis de que os primeiros a sussurrar essas histórias amaldiçoadas tivessem estabelecido contato com as Criaturas Siderais e talvez visitado reinos cósmicos longínquos, tal como Akeley propunha-se a visitar.

Libertas

Todo aquele que tem autoridade nas mãos procede como um tirano; quantos maridos, pais, patrões, juízes portam-se como senhores, oprimindo os que estão sob seu poder, sem saber que essas esposas, filhos, servos e súditos são seus semelhantes e têm os mesmos direitos a repartir as bênçãos da liberdade.


Tal ideia precedente anarquista já era defendida por Gerrard Winstanley em 1649, que ainda acrescentou que tal liberdade só seria conquistada pelo povo através de um ataque direto à propriedade, sendo esta a responsável pelos problemas, opressões e queixas na Terra.

Será que para todos é igual?



Então eu comecei a perceber que acordar é mais do que simplesmente abrir os olhos – 
é prova de amor.



Vanessa Dalla
28/10/2010

Anarquia e ordem, sociedade e progresso

Assim como o privilégio da força e da astúcia bate em retirada ante o firme avanço da justiça, sendo finalmente aniquilado para dar lugar à igualdade, assim também a soberania da vontade cede lugar à soberania da razão e deve, finalmente, perder-se no socialismo científico...Assim como o homem busca a justiça na igualdade,a sociedade procura a ordem na anarquia. Anarquia – a ausência de um senhor, de um soberano -, tal é a forma de governo da qual nos  aproximamos a cada dia que passa.

Hoje, em 2011, é triste ver como Proudhon estava tão errado em 1840. Pois a sociedade não fez mais do que regredir em seu próprio andar e conceito de avanço, aniquilar sonhos, possibilidades, aniquilar a justiça e a igualdade dos homens que existiriam numa ordem natural da sociedade, que deve ser capaz de se sustentar sem o autoritarismo e sem reis, uma sociedade sem as humilhações das diferenças sociais e opressões que são provocadas unicamente pelo nosso sistema imundo e incapaz, o único com a capacidade inglória de se autodestruir e achar que anda em incríveis evoluções.

Vanessa Dalla
25/10/2011

Você pensa na sua vida de modo qualitativo ou quantitativo?

O que é ter qualidade de vida, para você?










Seres

O amor eterno só é possível para com aqueles que deixaram marcas mais profundas
que um ferro em brasas pode deixar em nós. À quem nos foi fiel e amou de igual para igual, 
não soube fazer distinção entre pés ou mãos, pois o que sempre foi fundamental
era uma beleza que emanava dos corpos de forma natural, 
como a água que pode refletir em cristais a luz do Sol ardente.


Vanessa Dalla
2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sobre a amizade, por Lewis

"Em cada um de meus amigos há algo que somente um outro amigo pode extrair plenamente. Eu sozinho não sou grande o bastante para chamar o homem inteiro à atividade; preciso de outras luzes além das minhas para mostrar todas as suas facetas. Agora que Charles (Williams) morreu, nunca mais hei de ver a reação de Ronald (Tolkien) a uma piada especificamente carolina. Longe de ter mais de Ronald, tê-lo “só para mim” agora que Charles se foi, tenho menos de Ronald. Portanto a verdadeira amizade é o menos ciumento dos amores. Dois amigos deleitam-se em se unirem a um terceiro, e três a um quarto, contanto que o recé-chegado esteja qualificado para se tornar um amigo de verdade [...] É claro que a escassez de almas congêneres [...] impõe limites à expansão do círculo; mas dentro desses limites possuímos cada amigo não menos, e sim mais, à  medida que aumenta o número daqueles com quem o compartilhamos."
 


C. S. Lewis 

Extraído de O Dom da Amizade, Colin Duriez.

2ª Feira do Livro Anarquista de POA



Feiras do livro anarquista pelo mundo:




“Minhas histórias parecem germinar como um floco de neve em torno de uma partícula de poeira.”

John Ronald Reuel Tolkien, 1916 – 1917.

Tesouros passados

Há uma obra de ficção incompleta que C. S. Lewis escreveu na juventude. É sobre um rapaz de 14 ou 15 anos, “que ocultara um tesouro especial num canto escuro de seu quarto. Quando se ajoelhava nesse canto, especialmente em um dia muito ‘solitário’, podia ouvir os ventos rodopiando em torno das entranhas da casa. Seu tesouro era uma pilha irregular de papéis – canções, peças e histórias. Era tudo o que ele tentara escrever durante os anos de juventude. Por baixo dos papéis, agora desbotados com os anos, havia muitos desenhos que fizera antes de saber escrever. Além de seus escritos e desenhos havia outras coisas – caixas de tintas, gravuras extraídas de anuários para meninos, um pequeno número de livros proibidos e, quando os fundos permitiam, cigarros. Esse detrito compunha o tesouro do rapaz,
  “minha religião: pois era meu passado, e o passado era tudo o que eu já tornara meu.”'



Retirado de Tolkien e C. S. Lewis, O Dom da Amizade, de Colin Duriez

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

salir

Quiero ir caminar; romper esa barrera
sin un hombre en la frontera que dude mi identidad
Quiero ser quien de, sentido a tu vida y disfrutar su libertad
Despertar e creer, que el mundo será distinto
Las olas del mar se acercarán, navegare sin rumbo hasta el final.

(Drakos)
Não me interessa no rosto de uma pessoa
nada além dos olhos

Vanessa Dalla

ironia

É mais fácil rir de alguém
do que ter alguém rindo de você. 

domingo, 25 de setembro de 2011

Feira de troca de livros em POA!

Hoje, dia 25, quem visitar a Redenção das 10h às 17h, será convidado a participar de uma grande troca de saber. Em sua 10ª edição, a Feira de Troca de Livros reunirá parte do seu acervo e de mais 15 bibliotecas da Grande Porto Alegre, com um grande objetivo: fazer os livros circularem!

Para participar é simples: traga os livros que você já leu e troque por
aqueles que você quer ler! Além de atualizar sua coleção, a troca ajuda a diversificar o acervo das bibliotecas. Serão centenas de publicações
esperando para serem trocadas - e retrocadas - pelas mais de 10 mil pessoas que frequentam o evento anualmente.

A Feira é organizada pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, através da Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães. Uma eventual chuva não será problema: a proteção às pessoas e às páginas será garantida por uma estrutura coberta.

Uma dica importante: não traga dinheiro nem cartão de crédito, indispensável serão as mochilas, as sacolas, os carrinhos de feira... Tudo que possa facilitar o transporte da principal atração do dia: os livros.

O QUE: 10ª Feira de Troca de Livros de Porto Alegre
QUANDO: 25 de setembro (domingo), das 10h às 17h.
ONDE: Parque Farroupilha (junto ao Monumento ao Expedicionário).
INFORMAÇÕES: 3289 8079 / 3289 8078.
cll@smc.prefpoa.com.br



Lembrem-se: conhecimento e sabedoria não devem acumular só na sua estante!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mais de O Hobbit - reedições e comentários

“Em fins de 1932, Tolkien pôde entregar à Lewis um maço de papéis para serem lidos. Era o esboço incompleto daquilo que se tornaria O Hobbit: ou Lá e de volta outra vez (The Hobbit or There and Back Again). Lewis descreveu sua reação ao livro numa carta para Arthur Greeves: ‘Foi esquisito ler esse conto de fadas – é exatamente o que ambos teríamos almejado escrever (ou ler) em 1916, de modo que se sente que ele não está inventando, mas meramente descrevendo o mesmo mundo para o qual todos os três temos passaporte.’”

Quando eu li este trecho, fiquei até emocionada, porque tenho uma relação com os contos da Terra-Média, que às vezes eles me vêm aos olhos e se tornam reais, e defendo a teoria de que Tolkien não simplesmente “inventou” tudo, mas isto sempre esteve lá, como num mundo paralelo, esperando para ser exposto (rsrsr). De fato, esta é a grande dimensão de qualquer boa história de fantasia, trazer a idéia de realidade co-existente. Mas Tolkien não é só isso.

A primeira edição do Hobbit foi publicada em 21 de setembro de 1937, completada por ilustrações do próprio Tolkien, com tiragem de 1.500 exemplares. De fato, o Hobbit começou como história contada do pai para os filhos John e Michael, antes de 1930, mas começou a ser escrita e tomar corpo apenas depois desse ano. O caráter infantil predomina em seu estilo, e “inicialmente a história era independente do nascente ciclo mitológico O Silmarillion, e só mais tarde foi incorporada ao seu mundo e História inventados. O conto introduziu os hobbits na Terra-Média, afetando dramaticamente os acontecimentos ali.”

Nesta fantasia, o hobbit herói é o sr. Bilbo Bolseiro, que descobre um anel mágico, o Um Anel. Esta descoberta é o elo entre O Hobbit e sua grande continuação, O Senhor dos Anéis. Em 1951, houve uma nova publicação do livro (O Hobbit), revisada, por conta de alterações no capítulo 5 que deveriam ser feitas para darem sustento e correta continuidade entre os dois livros, de acordo com o grande significado do achado do Anel.

Fato impressionante é a habilidade de Tolkien em ligar suas obras, em sustentar seus mitos e suas correlações. O conhecimento do próprio trabalho é além da “simples” imaginação, de uma sabedoria inigualável.

Também é notável a sua habilidade em ajustar ao nível infantil o grande poder mitológico empregado, utilizando-se de nomes simples, que em outras obras tomam formas élficas complexas.

Fonte: tirei muitos dados e trechos do livro “O Dom da Amizade – Tolkien e Lewis”, que estou lendo e é ótimo, do autor e grande estudioso Colin Duriez.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dias de hoje

Hoje, além de ser meu aniversário e dia da árvore, também foi um dia importante pra Tolkien:

Em 21 de setembro de 1937 era lançada a primeira edição do O Hobbit - ou Lá e de volta outra vez.


Fazem, portanto, 74 anos do aniversário do Hobbit!
que lindo!


Existem detalhes posteriores que mudaram coisas em O Hobbit...mas falarei em breve!


Fonte: Google. Creio que não é esta a primeira edição...mas é bonita!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Música também, e é Chris Cornell

Não tem igual...a voz é sem comparação, mesmo.

Música, poesia e alma

Podem falar, mas acho linda essa música, muita essência. (Forfun)




Corre pra varanda e vem cá ver
Faça sol ou chuva
Um lindo dia vai nascer
No céu um degradê
Meus olhos imóveis fitam o mar
Vim pedir a força e as bençãos de Iemanjá
Amor pra me guiar
Vi os meus olhos refletidos pelos seus
E as imagens de um futuro que já aconteceu
Qualquer canto pode ser a nossa casa
O nada, o tudo, o todo, o tudo e o nada
Corre pra varanda e vem cá ver
Faça sol ou chuva
Um lindo dia vai nascer
No céu em degradê
Flores nascerão nesse jardim
Nuvens no horizonte dessa imensidão sem fim
O que trarão a mim?
À sombra da amendoeira me abriguei
Deitei nos braços de Morfeu
E quando eu acordei
Vagalumes visitavam a nossa casa
O nada, o tudo, o todo, o tudo e o nada
Corre pra varanda e vem cá ver
Faça sol ou chuva
Um lindo dia vai nascer
No céu um degradê

domingo, 4 de setembro de 2011

Pró-Animal e Vanguarda Abolicionista encaram 82 mil pessoas na Expointer

Intro: Em Esteio, RS, temos a maior feira do Agronegócio do Brasil. Nela, vemos todo tipo de comércio deste interesse, e entre eles, uma grande variedade de animais ficam ali expostos cedendo suas imagens e vidas aos interesses alheios (lê-se produção, lucro, peles, carne). Além do grande apelo costumeiro ao valoroso "churrasco" (que pra mim só tem cheiro de queimado...). Então, grupos ativistas de São Leopoldo e Porto Alegre fizeram a tradicional manifestação, que está relatada no blog da Vanguarda Abolicionista e que reproduzo aqui.

Vanessa Dalla

Fotos: Márcio de Almeida Bueno
Uma prova de resistência física. Sob calor de 30 graus, Sol forte e sensação térmica ampliada pelo asfalto, as ONGs Projeto Pró-Animal, de São Leopoldo, e Vanguarda Abolicionista, de Porto Alegre, estiveram realizando mais um protesto em frente à Expointer, em Esteio. Das 9h até o final da tarde de domingo, 4 de setembro, ativistas estiveram levando a mensagem da libertação animal a um público de 82 mil pessoas, segundo números oficiais.


A multidão era tamanha que, por mais de uma vez, a Polícia Rodoviária Federal gentilmente solicitou que os manifestantes trocassem o ponto de base da ação, para facilitar o fluxo de pessoas. A fila para entrada na 34ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários - uma das maiores do mundo, ia quase até a estação do metrô


Pró-Animal levou um banner sobre abate feito exclusivamente para o evento, reproduzido em milhares de panfletos, enquanto a Vanguarda compareceu com suas faixas e banners coloridos de praxe, além de milhares de panfletos focados na chinchila - o RS é um grande exportador de pele desse animal para a China. Diversos criadores de chinchila estavam expondo na Expointer, e muitas pessoas se sensibilizaram ao ver um animal 'tão fofo' engaiolado à espera da esfola.

A VAL focou na indústria de peles, na qual o RS é líder nacional
Alguns pecuaristas passavam e olhavam com desconfiança ou indignação para os cartazes dos ativistas - especialmente um com com os dizeres 'Sou gaúcho mas sou contra a exploração animal'. Na abordagem, a proposta dos animalistas foi de que então cedessem espaço em suas fazendas para aposentadoria de cavalos retirados da carroça pela ONGChicote Nunca Mais, parceira dos manifestantes. Todos acolheram bem a idéia de dar uma oportunidade de descanso vitalício a eqüinos cegos, aleijados ou idosos, e prometeram entrar em contato posterior.


A despeito do antagonismo de idéias, gaúcho tradicionalista interessou-se em adotar um cavalo e um cachorro para deixar em sua fazenda

Um adolescente aproximou-se dos ativistas para contar que era vegetariano, assim como o pai, criador de ovelhas que deixou de comer carne. "Ele não mata mais, e nem vende as ovelhas, para outros não matarem", contou o jovem, que pegou diversos impressos para mostrar à família. Ao final da tarde, exaustos e com todos os panfletos distribuídos, ambos os grupos encerram a ação, considerada plena de validade e êxito.

Sobre o asfalto ardente, carroças também estiveram circulando pela Expointer

Clique aqui para ver como foi o protesto na abertura da Expointer, no domingo anterior:Vanguarda Abolicionista realiza seu tradicional protesto em frente à Expointer

domingo, 28 de agosto de 2011

O desabafo em Carta ao Pai


  Kafka, que já havia escrito suas célebres obras A metamorfose e O processo, porém que ainda não haviam recebido devido merecimento, dispõe em “Carta ao Pai” todas suas angústias e aflições em relação a seu conturbado convívio familiar. É uma obra emocionante, onde o escritor põe com palavras cruas e diretas todos ressentimentos de uma vida sem muitas alegrias, e, principalmente, suas profundas mágoas em relação ao pai, com quem teve uma relação conturbada e de imposições, culpas, amarguras, chegando a chamar o pai de “tirano”, “rei”, até comparando-o com “Deus”, dono do Universo onde apenas uma opinião importava – a sua própria. Assim Kafka viu, ao longo da infância conturbada, todas as admirações inerentes à um pai irem por terra, todos os seus anseios esmagados e diminuídos à uma insignificância que foram dando lugar à uma grande sensação de nulidade e amargura, fazendo crescer uma pessoa desiludida, sem coragem de dar prosseguimento aos projetos mais íntimos, vivendo na sombra de um pai ameaçador. Em sentimentos confusos, ora de culpa, ora de raiva, numa profunda autoanálise, Kafka ainda culpa o pai por ter tirado-lhe a chance de qualquer amor próprio e autoestima, o que resultou nos seus fracassos, inclusive o literário, em sua falta de escolhas e sua personalidade abatida e recuante. Para essa sua personalidade, o autor tenta justificar-se perante o pior dos tribunais – o paterno, fazendo-se estender diante do leitor todos severos erros cometidos pelo pai na educação do filho.

A carta foi escrita em mais de 100 páginas manuscritas, quando tinha então 36 anos e uma vida sem grandes motivações, revelando sentimentos da mais profunda angústia. Inicialmente, Kafka tinha a mesmo o intuito de enviá-la ao pai, com a intenção de fazer melhorar a relação entre os dois, porém esta nunca chegou ao destinatário, e não se sabe bem o porquê.

Hoje a Carta ao Pai tem um enorme valor literário, por seus caráter psicológico, pela análise do conflito, pela bela estética que ressalta a luta interior travada por Kafka – fazendo dele o próprio centro de sua obra.

Aqui, nessa breve apresentação, não é possível falar de todo sobre Kafka, principalmente porque sua vida é ainda hoje estudada e muito densa, revelando muitos aspectos mais profundos e fora de meu alcance, hoje, que são representados em suas obras com grande caráter autobiográfico, outro caráter relevante.

sábado, 27 de agosto de 2011

Downloads Tolkenianos

Relacionado com o post anterior, vou colocar o link para dois downloads: um, uma edição de "Aventuras de Tom Bombadil e outras Histórias" - eu não conheço estes tradutores, e não é pela Martins Fontes (tradicional). Mas não li, então não posso falar que são bons nem ruins. Deixo para que julguem sozinhos.

Outro, é um link para a 1º edição da Martins Fontes de Mestre Gil de Ham (esta história tbm tem no link anterior, mas são tradutores diferentes), que é um livrinho de história infantil mais ao estilo do Hobbit, muito gostoso.

Clique ali em download para ser redirecionado.
=]





E neste site, Galeria Tolkenianos, tem mais vários livros para download!!

Sejam felizes!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tom Bombadilo, Bom Bombadil

Edição Bilíngue
Tradutores: William Lagos e Ronald Eduard Kyrmse
Editora Martins Fontes
2010


A apresentação do livro começa com o prefácio, que discorre da origem dos poemas, a maioria proveniente do Livro Vermelho e escritos ou revisados por Bilbo ou Sam Gamgi. Dá uma breve introdução dos temas dos poemas, escridos sob forte influência dos acontecimentos  transcorridos no final da Terceira Era, e que empregam, muitas vezes, grande conhecimento geográfico e histórico, e que ainda abordam lendas de Gondor e tradições élficas da Segunda Era, ou ainda contos numenorianos dos dias heróicos do final da Primeira Era.
Estes versos de origem hobbitiana “trazem em geral duas características em comum. Apreciam o emprego de palavras incomuns e deartifícios de rima e de métrica em sua simplicidade. […] Também são, pelo menos superficialmente, alegres ou frívolos, embora às vezes possamos suspeitar, com certo incômodo, que pretendam significar mais que nossos ouvidos captam.”
Dos 16 textos, o Número 15 é o mais tardio, já percentence à Quarta Era, que foi inserido pois estava assinalado por uma mão desconhecida como “Frodo Dreme” [O sonho de Frodo], embora muito improvável que o próprio Frodo o tenha escrito, mas de suma importância, pois “o título demonstra que estava associado com os sonhos melancólicos e desesperados que o visitaram repetidamente nos meses de março e outubro durante seus últimos três anos”. Perturbação que, aliás, era comum de acontecer com os hobbits andarilhos; os que voltavam, ao menos, sempre se mostravam inquietos e pouco comunicativos.

Logo após, seguem-se as traduções. A de William Lagos, poeta, manteve-se fiel à métrica irregular do original, mas utilizando versos brancos, ou seja, sem rima, para a tradução acompanhar com o máximo de exatidão o original.
Já Ronald Kyrmse esforça-se na difícil tarefa (ainda mais tratando-se de Tolkien) de trazer a doçura dos versos Tolkenianos para o português, aliando seu profundo conhecimento do mundo e dos personagens à rima e à métrica.
Depois, somos abençoados com o texto original, que requer um bom conhecimento em inglês, às vezes não sendo o suficiente, já que Tolkien “inventava” palavras ou fazia outras derivações; mas ainda assim não deixa de ser delicioso e mágico, ainda mais para uma fanática (eu!), poder conhecer e imergir um pouquinho mais na história profunda e complexa com a qual nos vemos tão envolvidos.

Vou trazer pra cá um trecho de cada versão, lógico. Este poema, de 1933, introduz, além de Tom, a misteriosa Fruta d'Ouro, Salgueiro Homem e as Criaturas Tumulares.

     1.    As Aventuras de Tom Bombadill
 (Willian Lagos)

O velho Tom Bombadil era um sujeito alegre:
Sua casaca azul brilhante e suas botas amarelas,
Ele usava um cinto verde, seus calções eram de couro,
E trazia em sua cartola uma pluma de asa de cisne.
Morava ao pé da Colina, de onde o rio Voltavime
Corria de uma fonte na relva até um vale estreito.


           1. As Aventuras de Tom Bombadill
             (Ronald Kyrmse)
Bom Tom Bombadil era alegre, já se nota;
Azul claro o paletó, amarela a bota,
Verde é o cinto e de couro a calça;
No alto chapéu pena de cisne se alça.
Mora ao pé do Morro, onde o Voltavime
Do poço corre ao Covão, pra que o vale anime. 

 1. The adventures of Tom Bombadil
           (Tolkien)
Old Tom Bombadil was a merry fellow;
Bright blue his jacket was and his boots were yellow,
Green were his girdle and his breeches all of leather;
He wore in his tall hat a swan-wing feather.
He lived up under Hill, where the Withywindle
Ran from a grassy well down into the dingle.
   
Bem, estas são só as primeiras linhas. O restante, vocês descobrem!

A Delinquencia

 "A delinqüencia, então, encontra a sua razão de ser, o seu determinante em certas condições sociais dentro das quais é circunscrita a vida do indivíduo. A dificuldade econômica das populações, o analfabetismo e o embrutecimento moral que são a conseqüência lógica, a educação ao escravismo e a violência ensinada nos quartéis, nas escolas, nas igrejas, por meio de jornais, de livros, de orações ou de romances que exaltam a glória dos tiranos e assassinos, a tirania política, a exploração econômica, o embrutecimento religioso, exemplo constantes de todas as velhacarias e todas as baixarias que os governantes e padres oferecem sistematicamente ao povo: heis os fatores mais importantes se não os únicos da delinqüência, considerada de baixo de seus diversos e múltiplos aspectos" 

Oreste Ristori - La Battaglia, São Paulo, 04/12/1906 
                                                                                                            (Fonte: Romani, 2002, pág. 42)




...Puxa, achei que isso tivesse sido escrito ontem....




Do Antiautoritário, lá tem mais deste Anarquista..!..!



Dica

Dica da Fê, em clima de Legalidade:

O Beijo da morte


Nada a não declarar

Revoluções acontecem, aham. Até as menorzinhas, assim. Por isso mudei tudo.

Ficou bom???

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O sacrifício de cachorros na periferia de SP e a cachorrada humana, por Ezio Flavio Bazzo

   Bah, adoro ler o Ezio Flavio Bazzo. Sempre polêmico. Esse texto, claro, dá um pau na hipocrisia moral que hoje assola nossa sociedade no que tange às vidas animais não-humanas. Concordo plenamente, é o argumento-mor, e é a falha maior dos alfacistas.

Segue:

Difícil entender por que a mesma população que se arquejou de espanto e em vômitos com a descoberta de um matadouro clandestino de cães e de gatos na periferia de SP não está nem aí para os abatedouros públicos de vacas, cabras, porcos, galinhas, rãs, coelhos, faisões etc. Paradoxalmente, esses mesmos hipócritas que se escandalizaram com a natureza do negócio e com o tipo de carnificina são os mesmos que estão todos os dias em fila diante dos mercados e dos açougues para comprar peles, sangue e tripas de porcos, costelas de bezerros, coxas e corações de galinhas, miolos, fígado e língua de bois. Repito: para comprar pele, fígado e língua de bois! Ora! E, além disso, foi exatamente essa gentalha que fez escárnio e escândalo sobre o cardápio e sobre o canibalismo dos tupinambás! Outra hipocrisia, pois é evidente que quem come um pato laqueado seria capaz de comer uma criança laqueada. Que quem come um bode ou um porco no espeto, dependendo das circunstâncias, seria capaz de fazer um churrasco com um irmão, um primo, o pai ou um vizinho. Então, em quê os coreanos e os outros orientais que encomendavam e consumiam as carnes e as vísceras de cães e de gatos capturados nas ruas e assassinados, seriam mais bárbaros e mais desprezíveis do que os que devoram uma ou duas vacas por ano? Dez ou doze frangos por mês? Meio porco a cada fim de semana? Quilos e mais quilos de caranguejos a cada veraneio e dois ou três perus a cada natal? Até uma criança de cinco anos seria capaz de perceber que a voracidade patológica, a ausência de ética e o mau caráter desses personagens são exatamente os mesmos. Um idiota com quem conversava sobre o assunto me dizia: Mas não comer cachorro e nem gato é lei! Lei? A lei é mais desprezível ainda. Vejam o que diz o texto da tal lei: [Animais domésticos, aqueles de convívio do ser humano, dele dependentes, e que não repelem o jugo humano (e que não repelem o jugo humano) não podem ser criados para o consumo]. Ou seja: aquilo que não for domesticável pode ser devorado!

Campanha da Legalidade

      Estamos ouvindo falar dos 50 anos da Legalidade, movimento iniciado aqui no Rio Grande do Sul. Este foi um marco histórico pelo grande envolvimento da população na resistência. Quando da renuncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, esperava-se que o vice, Jango, assumisse, naturalmente. Porém este foi impedido pelos ministros militares, que eram contra, e Ranieri Mazzili, um de seus representantes, assume inteiramente a presidência. Este golpe militar desencadeia o movimento de resistência aqui no Rio Grande do Sul, iniciado e motivado por Leonel Brizola, o então governador do estado, defendendo a legalidade da posse de Jango, e que assegurou não aceitar “quaisquer golpes, não assistiremos passivamente quaisquer atentados às liberdades públicas e à ordem constitucional”. Brizola ainda pediu que “cada um” tomasse medidas contra o golpe e encerrou: “Defendemos a ordem legal, defendemos a Constituição, defendemos a honra e dignidade do povo brasileiro”. Foi instaurada a Rede Radiofônica da Legalidade, funcionando 24 horas nos porões do Palácio Piratini, contando com o apoio de jornalistas, radialistas e técnicos, e atingindo uma enorme popularidade, com Brizola mobilizando o povo e convocando o país a resistir ao golpe, em atitudes firmes e presença carismática.


    Assim, a Legalidade assegurou a posse de Jango e virou sinônimo de coragem, mas o levante também representava os anseios do povo por medidas democráticas e igualitárias. Nesse momento, as classes populares tiveram grande impacto e participação. Hoje, podemos olhar pra trás com dois sentimentos: orgulho, do movimento nascido no Estado e de grande repercussão, ou então uma grande vergonha, de termos abandonado completamente tal espírito de luta e capacidade, de hoje assistir injustiças e inúmeros golpes, porque não comparáveis ao de 61, num estado de inanição, imóveis, como se não tivéssemos uma mente capaz de pensar e um corpo capaz de lutar.


Este texto meu também foi publicado no Informol, honrado e glorioso jornal do curso de Química da UFRGS! É a informação em fentosegundos!

Mais infos: Blog da Campanha

Lançamento Negras Tormentas - Curitiba, Floripa e Porto Alegre.


Editora: Hedra
Ano: 2011
Páginas: 368

140 Anos da Comuna de Paris: debate de lançamento do livro "Negras Tormentas", de Alexandre Samis, em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre 

    Aproveitando o lançamento do livro "Negras Tormentas: o Federalismo e o Internacionalismo na Comuna de Paris", de Alexandre Samis, o Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), Círculo de Estudos Libertários e Coletivo Quebrando Muros (Curitiba), Coletivo Anarquista Bandeira Negra
(Florianópolis) e Federação Anarquista Gaúcha (FAG), promovem um tour de lançamento do livro, com debate com o autor nas cidades de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.

Na sexta-feira, 26 de Agosto, a atividade acontece em Curitiba, na Reitoria da UFPR (R. Amintas de Barros - Centro - Prédio Pedro II - Anfiteatro 900), das 17h às 19h.

No sábado, dia 27, é a vez de Florianópolis. O evento contará com a apresentação do recém-criado Coletivo Anarquista Bandeira Negra e além do lançamento do livro de Alexandre Samis, haverá também o lançamento de "Além de Sindicatos e Partidos: Organização Política em Anton Pannekoek", de José Carlos Mendonça, publicado pela Editora Achiamé, com debate com ambos os autores. A atividade ocorrerá no Sindicato dos Bancários (R. Visconde de Ouro Preto, 308 - Centro), a partir das 17h.

Para fechar, na segunda-feira, dia 29, a partir das 18h30, ocorrerá o debate de lançamento do "Negras Tormentas" em Porto Alegre, no Ateneu Batalha da Várzea (Travessa dos Venezianos, 30 - Cidade Baixa).

Conforme colocado pelo professor Wallace dos Santos de Moraes na orelha do livro, a presente obra “deve ser saudada com uma grande festa, tanto pela comunidade acadêmica como pelos leitores em geral”. Ele continua: “O leitor do século XXI deve colocar três grandes questões sobre a Comuna de Paris: 1) Como foi possível realizá-la? 2) Como foi seu desenvolvimento? 3) Qual foi seu legado? A obra de Samis trata dessas questões de forma magistral, respondendo-as sempre no plural, isto é, chamando a atenção para os diversos fatores que influenciaram na possibilidade, na necessidade e nos resultados da eclosão da Comuna. Para além disso, aquele que se debruçar sobre a obra terá a oportunidade de conhecer a gênese desse episódio nos seus aspectos mais longínquos. Com efeito, o leitor é presenteado com o conhecimento da história política e social francesa do século XIX por meio da narrativa dos fatos, e também conhece o rico debate entre seus intérpretes. Ademais, a história da Associação Internacional dos Trabalhadores e o grande debate entre anarquistas, marxistas e outras correntes políticas são passados em revista. A partir destas discussões, a Comuna de Paris é inserida em seu contexto. É esse o grande mérito do autor, diferenciando-se de outros que a tratam por si mesma, como se tivesse nascido do nada. No livro de Samis, a eclosão da Comuna é vista como resultado de todo um acúmulo de lutas e questões sociopolíticas que estavam na ordem do dia na Europa no século XIX. Assim, o autor, com propriedade — apropriando-se do conceito de autoinstituição de Castoriadis –, nega que a Comuna tenha sido a última revolução plebeia e também a primeira revolução proletária. Ela é posta no seu devido lugar: como evento autônomo e coberto de idiossincrasias. Para o bem do leitor e da teoria, trata-se de uma pesquisa que discute muito mais do que aquilo que se propõe — e que é ainda mais abrilhantada pelo prefácio de René Berthier, francês e estudioso do tema.” Publicado nesse ano que marca os 140 anos da Comuna de Paris, Negras tormentas, “o livro, hoje”, considera Moraes, “é a principal referência sobre o estudo da Comuna de Paris já publicado no país”.

Alexandre Samis é Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do Colégio Pedro II. É militante da Federação Anarquista do Rio de Janeiro e diretor do SINDSCOPE. Autor dos livros “Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil” (Imaginário/Achaimé, 2002) e “Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e o sindicalismo revolucionário em dois mundos” (Letra Livre, 2009).

Copiado descaradamente de Vida Operária. Gracias.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Diálogo

Amigo pergunta:  Nessa, como tu consegue ler tanto livro??


Respondo: Com os olhos!

Fractais

Fractais são tri massa!!
E algumas imagens, muito lindas, dá pra ficar horas em cima.

(imagens do google...)






 Fractais são estruturas geométricas de grande complexidade e beleza infinita, ligadas às formas da natureza, ao desenvolvimento da vida e à própria compreensão do universo.


                                                                           Estão ligados ao estudo da complexidade, que busca explicar diversos fenômenos naturais e  até da sociedade.

Naufrágios & Comentários: Resenha


        A história colonial da América é marcada por sangue, por conquistadores traiçoeiros, ameaçadores. Mas houve um singular homem que tentou a conquista por palavras gentis, a obediência pelo respeito e não pelo medo. Foi o aventureiro Cabeza de Vaca (1492 - ?), único entre os conquistadores que lutou a favor dos povos indígenas. Neste livro, temos a narração de suas aventuras América adentro, revelando os horrores infligidos aos índios, e fato do qual hoje parecemos orgulhosos ao exaltarmos em nossa completa cegueira nossas “terras conquistadas”. Com um realismo puro e uma linguagem típica da época, mergulhamos nas selvas e profundezas dos conflitos entre “civilização” e “selvagens”. Cabeza de Vaca e alguns fiéis companheiros fizeram fama entre os povos indígenas, pois os tratavam com bondade. Caminharam durante anos e chegaram a ser tidos como deuses e milagrosos, vagaram nus e famintos por meses, mas também foram presos e viveram sob clausura com uma tribo por anos. 

Edição da L&PM pocket


Mas é com tristeza com lemos a narração de conteúdo histórico, cheia de riquezas, de culturas que jamais poderemos presenciar; cheia de vida, e, ao mesmo tempo, um registro vergonhoso de nossa relação com os índios. É um preço que a humanidade vai carregar, é o sangue que jamais vai deixar de fluir nos rios. De Vaca tentava impedir esse massacre, mas ele mesmo acabou massacrado, no que era na realidade sua busca por iluminação, no doloroso abandono do pensamento de que o homem adquire força através do punhal e da adaga... Foi a prova de que um homem é capaz de mudar seu coração ao enfrentar a verdade, e passar a defendê-la como a própria vida, pois a vida do homem nada mais é do que a própria verdade.


“Para se entender o que significa não ter nada, é preciso não ter nada.”
(Cabeza de Vaca)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...