sábado, 26 de junho de 2010

Nada de Novo no Front

De narrativa suave, mas marcante e tocante - certamente por ter sido fruto da experiência pessoal de Erich Maria Remarque. Por isso, falemos um pouco do autor: nascido na Alemanha, em 1898, aos 18 anos participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, tendo sido ferido 3 vezes. Após o conflito, Remarque lutou para sobreviver num país totalmente corroído pela guerra, exercendo várias profissões, até que decidiu escrever pequenos artigos; mas a sombra da guerra ainda o perseguia, e das noites de insônia surgiram manuscritos dos horrores que viveu - o que se tornaria o núcleo de seu romance anti-guerra.

Assim nasceu Nada de Novo no Front (Im Westen Nichts Neues; A Oeste Nada de Novo, em Portugal), que, era de se esperar, foi um abalo para a sociedade alemã, que ainda via a guerra como palco para heróis. Remarque desmistifica, de modo emocionante, esse romantismo heróico ao abordar o ponto de vista dos soldados, homens maltrapilhos e assustados, recém saídos da adolescência. É narrado o verdadeiro sentimentalismo da guerra, as neuroses, o pânico, a perda dos valores dos soldados, a exploração pelos superiores, a morte dos camaradas, e a pequena esperança que ainda demonstravam ao pensar na volta para casa, embora soubessem que nunca mais poderiam viver sossegados - as consequencias psicológicas da guerra jamais os deixariam em paz, e às vezes, eles pensavam em não voltar. É triste seu relato sobre as divagações de estarem combatendo numa luta que não era a deles.
As cenas de batalha são descritas em detalhes, por Paul Baumer, jovem alemão inteligente, como todos seus companheiros. As trincheiras (o front) são desvendadas e delas fulguram metralhadoras, granadas, gases tóxicos, corpos amputados e dilacerados, sangue e desespero, cenas também vistas nos hospitais lotados e imundos.

Erich M. Remarque também possui publicados, sobre os absurdos da guerra: O Caminho de Volta (1931), Três Camaradas (1937), Náufragos (1941), Arco do Triunfo (1946), e um romance póstumo: Sombras do Paraíso (1971).

Em 1933, foi perseguido pelos nazistas, por causa do pacifismo manifesto em suas obras, tendo iso de refugiar na Suíça e nos Estados Unidos, e seus livros foram banidos e queimados.

"A manhã é cinzenta. Era ainda verão quando partimos, éramos cento e cinquenta homens. Agora, faz frio, é outono, as folhas murmuram, as vozes erguem-se, cansadas: um, doi, três, quatro...e, aos trinta e dois, calam-se."

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