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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Vazio completo.


Vazio. Hoje já não sabe mais seu significado, pois o vazio que era seu já está cheio, de suas lembranças, amarguras, rancor, e este lhe consome, lhe puxa para dentro como um grande centro gravitacional, e quer cada parte que lhe convém. A cada vez que vai mais fundo, provoca mais feridas, encontra mais podridão, e se preenche dessas partículas do mal. Aliás, se há alguma influência de uma espécie de demônio nesse ser desafortunado, eu não deixaria de acreditar. Não há mais visão de liberdade, tampouco objeção á prisão. Ele só desejaria ver o dia como foi um dia, um dia de luz sem trovões ou raios em sua mente. Sua cabeça lhe dói que a deseja perfurar para aliviar este sofrimento e pressão, nada poderia lhe incomodar mais. Assim, fica escondido em seus recantos, não mais expõe os sensíveis olhos à claridade obscurecida. Se demônios pairam em seu cômodo escuro e úmido, mais ainda eles estão lá fora, não permitindo que volte a admirar o que um dia foi o motivo de sua vida. Pois a única beleza louvável no mundo era a natureza, e o que lhe fazia correr o sangue eram as intempéries do coração. Ambas destruídas, não entendia mais porque estava a deixar seu coração negro ainda pulsando. Sabia que não podia mais haver luz, ou paz. Nunca mais dormiria ou teria sonhos sobre uma relva aquecida, e decidiu dedicar-se a esta escuridão, entregando as últimas fagulhas de sua alma ao vazio que lhe procurava incessantemente. Não reagiu à dor nem ao desespero, nem quando o prenderam em roupas apertadas ou o ataram na cama. Nem sabia porque faziam isso com ele, apenas diziam que precisava disto. Nunca acreditou, e seus acessos de fúria, derramando berros ininteligíveis e agoniosos, tornaram-se freqüentes. Se via a luz por uma brecha, não pensava na sua liberdade, mas tinha ódio e queria acabar com ela. Foi assim que chamou para junto de si estes seres do submundo, raivosos e sedentos, que ele havia achado que era apenas um vazio em seu corpo, não sabendo que seu corpo estava cada vez mais cheio de um negrume cheirando a enxofre, sempre mais cheio desta melancolia e de pensamentos que outra hora lhe foram tão refutáveis. Finalmente, nada mais viu, era tudo escuro, todo o ambiente dominado pela presença maléfica de forças que ele não poderia controlar, e o ar foi escapando-lhe dos pulmões, a mente perdeu o resto de razão e o coração por fim aliviou-lhe os anseios da morte. Sentiu que agora sim, era vazio.

E estas linhas mal escritas me vieram à mente, lembrando que um dia, ele já foi eu.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


Não posso olhar, e ficar imune, não reagir, não querer gritar.
São olhos de libélulas, de oceano, mar fundo. Escondem todos os segredos do mundo. Não posso, jamais, encarar olhos mais belos. São aqueles, os que levam para o infinito. Que trazem a angústia e a dor, para logo depois mostrar o alívio.
Não tem como não ser marcante. Cada pedaço naquele rosto é feito de perfeição. As bochechas levam a expressão junto, sempre profunda, pensante, além. E os lábios, às vezes mostram um sorriso, mas mantêm a serenidade. Bem que eu gostaria de esquecer, deixar pra lá. Mas pensar em esquecer, não é a mesma coisa que lembrar?
Lembro das mãos, eram firmes e seguras. As sensações não somem assim, não desaparecem. Tão simples. Tão inseguro. Tão...nós. Mas antes eu tinha uma certeza, um pressentimento. Parece que se esvaiu.
Mas os olhos são os mesmos. Antes, cheios de significados. Agora, resta um vazio que não sei interpretar, lembro da última vez que os vi. Foi num momento inesperado, não era para acontecer. De longe, e disfarçando, nos encaramos. Os olhos se encararam, alguns segundos que parecem horas na minha lembrança. Pelo resto da noite, não soube suportar a dor da visão, da distância. O que eu faria se isso acontecesse de novo?
Teria o mundo nos meus braços. Teria um sentimento real, profundo, antigo. Saberia ler aqueles olhos e suportar aqueles lábios. Escorregaria numa fantasia nunca imaginada. As mãos, tocariam nas minhas? As leis, seriam reais?
Bastariam os teus olhos, de novo, perto dos meus...e eu entenderia a dor, o silêncio, o amor.

Violetta Rhea
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