quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Sombra de Innsmouth

A Sombra de Innsmouth apresenta ao leitor os horrores de um universo onde aberrações monstruosas abalam as fundações da sanidade e ameaçam o futuro da espécie humana.


Terrivelmente instigante e fascinante. A Sombra de Innsmouth, com sua notória narrativa sufocante,  leva o leitor às sombras de submundos. Robert Olmstead, o narrador desta perfeita mistura de terror e fantasia, é o sujeito curioso que resolve investigar um assunto proibido, falado aos sussurros pelas pessoas: o estranho vilarejo de Insmouth. Sobre ele surgem os mais variados boatos, aterrorizantes e  mirabolantes, sobre as almas moribundas que por lá vivem, como eles tratam os estrangeiros com arrogância e o estado decrépito da cidadezinha portuária. O mais curioso que se falava era a aparência das pessoas de lá, que pareciam sapos sobre duas pernas. Mas tudo isso não passava de boatos, até Robert lá chegar e perceber o estado de desolação do malcheiroso lugar. Não via pessoas, apenas sombras que se esgueiravam entre os muros na presença de um estranho. Olhos brilhantes e ruídos esquisitos se escondiam no escuro. Mas ao cruzar o caminho de Zaddok Allen, velho bêbado e meio alucinado, Robert desencava e desenreda informações de uma história centenária que mais parece saída de algum conto sobrenatural. Mas teriam elas fundamento, ou eram invenção da mente alucinada do velho? Ao ser perseguido pela misteriosa população, Robert presencia cenas de puro horror, e a história do pacto de ganância com demônios marinhos e da lenta transformação daquelas pessoas em peixes abomináveis finalmente aparece aos seus olhos incrédulos. Mas no que ele mesmo se transformaria, isso ele jamais poderia ter previsto.

E é assim, neste livro curto e intenso de 119 páginas, que presenciamos mais uma obra do século XX da pura literatura do horror clássico que apenas uma mente é capaz: Howard Phillips Lovecraft.
Outro aspecto de relevância é a qualidade da tradução e impressão. A tradução ficou por conta de Guilherme da Silva Braga, que dou destaque pois é excelente, além da qualidade de impressão e gráfica da Editora Hedra, que muito recomendo!



Trecho:
Será possível que nosso planeta tenha de fato engredado tais criaturas? Que olhos humanos possam mesmo ter visto, na substância da carne, o que até então o homem só havia conhecido em devaneios febris e lendas fantasiosas? E no entanto eu os vi em fileiras intermináveis – debatendo-se, saltando, coaxando, balindo – uma bestilialidade crescente sob o brilho espectral do luar, na sarabanda grotesca emaligna de um pesadelo aterrador.

Um comentário:

  1. Gostei muito desta,resenha. É muito difícil hoje em dia, nessa internet de briga de egos e ânimos acalorados, encontrar uma opinião sóbria, a cerca de qualquer assunto. Seja sobre literatura, música ou cinema, ninguém mais pode se expressar sem destilar passionalidade e ódio sem sentido. Parece que tudo é ruim e medíocre para essa geração ( que não se preocupa em produzir nada, mas se mostra ávida a criticar ). Parabéns! Continue com o magnífico trabalho. Achei este blog sem querer, todavia, me foi uma grata surpresa. Acompanharei com interesse daqui para a frente.

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