A história colonial da América é marcada por sangue, por conquistadores traiçoeiros, ameaçadores. Mas houve um singular homem que tentou a conquista por palavras gentis, a obediência pelo respeito e não pelo medo. Foi o aventureiro Cabeza de Vaca (1492 - ?), único entre os conquistadores que lutou a favor dos povos indígenas. Neste livro, temos a narração de suas aventuras América adentro, revelando os horrores infligidos aos índios, e fato do qual hoje parecemos orgulhosos ao exaltarmos em nossa completa cegueira nossas “terras conquistadas”. Com um realismo puro e uma linguagem típica da época, mergulhamos nas selvas e profundezas dos conflitos entre “civilização” e “selvagens”. Cabeza de Vaca e alguns fiéis companheiros fizeram fama entre os povos indígenas, pois os tratavam com bondade. Caminharam durante anos e chegaram a ser tidos como deuses e milagrosos, vagaram nus e famintos por meses, mas também foram presos e viveram sob clausura com uma tribo por anos.
Edição da L&PM pocket |
Mas é com tristeza com lemos a narração de conteúdo histórico, cheia de riquezas, de culturas que jamais poderemos presenciar; cheia de vida, e, ao mesmo tempo, um registro vergonhoso de nossa relação com os índios. É um preço que a humanidade vai carregar, é o sangue que jamais vai deixar de fluir nos rios. De Vaca tentava impedir esse massacre, mas ele mesmo acabou massacrado, no que era na realidade sua busca por iluminação, no doloroso abandono do pensamento de que o homem adquire força através do punhal e da adaga... Foi a prova de que um homem é capaz de mudar seu coração ao enfrentar a verdade, e passar a defendê-la como a própria vida, pois a vida do homem nada mais é do que a própria verdade.
“Para se entender o que significa não ter nada, é preciso não ter nada.”
(Cabeza de Vaca)
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