“Em fins de 1932, Tolkien pôde entregar à Lewis um maço de papéis para serem lidos. Era o esboço incompleto daquilo que se tornaria O Hobbit: ou Lá e de volta outra vez (The Hobbit or There and Back Again). Lewis descreveu sua reação ao livro numa carta para Arthur Greeves: ‘Foi esquisito ler esse conto de fadas – é exatamente o que ambos teríamos almejado escrever (ou ler) em 1916, de modo que se sente que ele não está inventando, mas meramente descrevendo o mesmo mundo para o qual todos os três temos passaporte.’”
Quando eu li este trecho, fiquei até emocionada, porque tenho uma relação com os contos da Terra-Média, que às vezes eles me vêm aos olhos e se tornam reais, e defendo a teoria de que Tolkien não simplesmente “inventou” tudo, mas isto sempre esteve lá, como num mundo paralelo, esperando para ser exposto (rsrsr). De fato, esta é a grande dimensão de qualquer boa história de fantasia, trazer a idéia de realidade co-existente. Mas Tolkien não é só isso.
A primeira edição do Hobbit foi publicada em 21 de setembro de 1937, completada por ilustrações do próprio Tolkien, com tiragem de 1.500 exemplares. De fato, o Hobbit começou como história contada do pai para os filhos John e Michael, antes de 1930, mas começou a ser escrita e tomar corpo apenas depois desse ano. O caráter infantil predomina em seu estilo, e “inicialmente a história era independente do nascente ciclo mitológico O Silmarillion, e só mais tarde foi incorporada ao seu mundo e História inventados. O conto introduziu os hobbits na Terra-Média, afetando dramaticamente os acontecimentos ali.”
Nesta fantasia, o hobbit herói é o sr. Bilbo Bolseiro, que descobre um anel mágico, o Um Anel. Esta descoberta é o elo entre O Hobbit e sua grande continuação, O Senhor dos Anéis. Em 1951, houve uma nova publicação do livro (O Hobbit), revisada, por conta de alterações no capítulo 5 que deveriam ser feitas para darem sustento e correta continuidade entre os dois livros, de acordo com o grande significado do achado do Anel.
Fato impressionante é a habilidade de Tolkien em ligar suas obras, em sustentar seus mitos e suas correlações. O conhecimento do próprio trabalho é além da “simples” imaginação, de uma sabedoria inigualável.
Também é notável a sua habilidade em ajustar ao nível infantil o grande poder mitológico empregado, utilizando-se de nomes simples, que em outras obras tomam formas élficas complexas.
Fonte: tirei muitos dados e trechos do livro “O Dom da Amizade – Tolkien e Lewis”, que estou lendo e é ótimo, do autor e grande estudioso Colin Duriez.
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