sábado, 18 de setembro de 2010

Anseios dos poetas

Sou eu quem caminha esta noite
em meu quarto ou sou o mendigo
que espreitava em meu jardim
ao cair da noite?

Olho ao redor
e descubro que tudo
é o mesmo e não é o mesmo...
A janela estava aberta?
Não havia eu já adormecido?
Não era verde-pálido o jardim?...
O céu era claro e azul...
e há nuvens
e está ventando
e o jardim está escuro e triste.

Penso que meu cabelo era negro...
Eu me vestia de cinzento...
E meu cabelo é cinzento
e estou vestindo negro...
É este o meu passo?
Tem essa voz, que agora ressoa em mim,
os ritmos da voz que eu costumava ter?
Sou eu mesmo ou sou o mendigo
que espreitava em meu jardim
ao anoitecer?

Olho ao redor...
Há nuvens e está ventando...
O jardim está escuro e triste...
Eu venho e vou
Não é verdade
que eu já adormeci?
Meu cabelo está cinzento...e tudo é o mesmo
e não é o mesmo.

Reli o poema para mim mesmo e captei a sensação de impotência e perplexidade do poeta. Perguntei a Don Juan se ele sentia o mesmo.
- Penso que o poeta sente a pressão do envelhecimento e a ansiedade que essa percepção produz - respondeu. - Mas isto é apenas uma parte. [...] Ele intui com grande certeza que há algum fator não mencionado, assustador por causa de sua simplicidade, que está determinando nosso destino. "

Trecho de O Poder do Silêncio, de Carlos Castaneda, que estou lendo agora. Terminando, escrevo sobre ele. Poema atribuído a Juan Ramón Jiménez.


Aliás, peço desculpas pela falta de posts e atualizações, mas é tudo culpa da faculdade, xinguem ela!!

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