Edição Bilíngue Tradutores: William Lagos e Ronald Eduard Kyrmse
Editora Martins Fontes
2010
A apresentação do livro começa com o prefácio, que discorre da origem dos poemas, a maioria proveniente do Livro Vermelho e escritos ou revisados por Bilbo ou Sam Gamgi. Dá uma breve introdução dos temas dos poemas, escridos sob forte influência dos acontecimentos transcorridos no final da Terceira Era, e que empregam, muitas vezes, grande conhecimento geográfico e histórico, e que ainda abordam lendas de Gondor e tradições élficas da Segunda Era, ou ainda contos numenorianos dos dias heróicos do final da Primeira Era.
Estes versos de origem hobbitiana “trazem em geral duas características em comum. Apreciam o emprego de palavras incomuns e deartifícios de rima e de métrica em sua simplicidade. […] Também são, pelo menos superficialmente, alegres ou frívolos, embora às vezes possamos suspeitar, com certo incômodo, que pretendam significar mais que nossos ouvidos captam.”
Dos 16 textos, o Número 15 é o mais tardio, já percentence à Quarta Era, que foi inserido pois estava assinalado por uma mão desconhecida como “Frodo Dreme” [O sonho de Frodo], embora muito improvável que o próprio Frodo o tenha escrito, mas de suma importância, pois “o título demonstra que estava associado com os sonhos melancólicos e desesperados que o visitaram repetidamente nos meses de março e outubro durante seus últimos três anos”. Perturbação que, aliás, era comum de acontecer com os hobbits andarilhos; os que voltavam, ao menos, sempre se mostravam inquietos e pouco comunicativos.
Logo após, seguem-se as traduções. A de William Lagos, poeta, manteve-se fiel à métrica irregular do original, mas utilizando versos brancos, ou seja, sem rima, para a tradução acompanhar com o máximo de exatidão o original.
Já Ronald Kyrmse esforça-se na difícil tarefa (ainda mais tratando-se de Tolkien) de trazer a doçura dos versos Tolkenianos para o português, aliando seu profundo conhecimento do mundo e dos personagens à rima e à métrica.
Depois, somos abençoados com o texto original, que requer um bom conhecimento em inglês, às vezes não sendo o suficiente, já que Tolkien “inventava” palavras ou fazia outras derivações; mas ainda assim não deixa de ser delicioso e mágico, ainda mais para uma fanática (eu!), poder conhecer e imergir um pouquinho mais na história profunda e complexa com a qual nos vemos tão envolvidos.
Vou trazer pra cá um trecho de cada versão, lógico. Este poema, de 1933, introduz, além de Tom, a misteriosa Fruta d'Ouro, Salgueiro Homem e as Criaturas Tumulares.
1. As Aventuras de Tom Bombadill
(Willian Lagos)
O velho Tom Bombadil era um sujeito alegre:
Sua casaca azul brilhante e suas botas amarelas,
Ele usava um cinto verde, seus calções eram de couro,
E trazia em sua cartola uma pluma de asa de cisne.
Morava ao pé da Colina, de onde o rio Voltavime
Corria de uma fonte na relva até um vale estreito.
1. As Aventuras de Tom Bombadill
(Ronald Kyrmse)
Bom Tom Bombadil era alegre, já se nota;
Azul claro o paletó, amarela a bota,
Verde é o cinto e de couro a calça;
No alto chapéu pena de cisne se alça.
Mora ao pé do Morro, onde o Voltavime
Do poço corre ao Covão, pra que o vale anime.
1. The adventures of Tom Bombadil
(Tolkien)
Old Tom Bombadil was a merry fellow;
Bright blue his jacket was and his boots were yellow,
Green were his girdle and his breeches all of leather;
He wore in his tall hat a swan-wing feather.
He lived up under Hill, where the Withywindle
Ran from a grassy well down into the dingle.
Bem, estas são só as primeiras linhas. O restante, vocês descobrem!